Muito se fala em vida saudável nos dias de hoje, mas poucos sabem do que se trata realmente ter uma vida assim. Praticar, então, essa tal vida saudável, fica mais difícil ainda!
Há muita informação no mídia, internet, jornais, entretanto muitas são as dúvidas...
Este espaço foi criado para divulgação de informações sobre tópicos relacionados a saúde, atividade física, dietas e assuntos afins, com um foco especial na área da Endocrinologia, na qual atuo.
Aproveitem!!!

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Gestação e Diabetes

Você pode estar se perguntando: "O que tem haver gestação com diabetes?" ou "Não sou diabética. E eu com isso?". O que muitos nem imaginam é que gestação tem MUITA relação com DIABETES. Informar-se sobre isso e prevenir é essencial. Só quem sabe estar em risco de Diabetes Gestacional pode se prevenir antes mesmo de gestar, ainda na fase de "programação da gestação". Como? Por que? Você irá descobrir agora!

Durante toda a gestação, mas principalmente após as 24 semanas, a placenta produz hormônios que são importantes para manutenção da gestação, saúde da mãe e do neném. Estes hormônios, entretanto, tem um efeito "diabetogênico" na mãe. São conhecidos como hormônios contrareguladores do metabolismo da glicose. Tem um efeito de aumentar a resistência do organismo a ação da insulina (hormônio responsável pela queima de glicose transformando-a em energia). Algumas mulheres, sob efeito desses hormônios tem diabetes gestacional. O diabetes durante a gestação causa complicações fetais e maternas. Maior risco de complicações durante o parto. A criança fica muito grande tendo complicações para nascer. Há risco de hipoglicemia nos primeiros dias de vida, o que é muito grave, pois a baixa de glicose no sangue do recém nascido causa risco de vida ou complicações graves, como crise convulsiva, sequelas neurológicas, dentre outras.

Mas quem está sob risco de diabetes gestacional?

Mães que já eram diabéticas antes de gestar

Mulheres que tem os seguintes fatores de risco:

- obesas (IMC maior que 30 Kg/m2) ou que estão ganhando muito peso durante a gestação

- parentes de 1o grau com diabetes (pai, mãe, irmãos)

- IDADE > 25 anos (isso é, para muitos, chocante! Afinal, muitas mulheres, no dias de hoje, engravidam após os 25 anos)

- História prévia de filho com >4 Kg

- Síndrome de ovário policístico (antes da gestação)

- Uso de corticoide

- Perda fetal prévia, sem causa definida.

Se a mulher tiver algum desses fatores de risco deve ser submetida a um rastreamento mais precoce, logo no início da gestação, e reavaliada quando estiver com 24 semanas de gestação. E como prevenir? Tendo cuidados durante a gestação, mantendo uma alimentação saudável, de preferencia orientada por nutricionista, mantendo um ganho de peso dentro dos limites estabelecidos por seu/sua médico(a), praticando atividade física (sem excessos). Antes de gestar, já é importante tentar atingir um peso dentro da faixa saudável (não engravidar obesa). Essa é uma das medidas mais eficazes para prevenir o diabetes gestacional, e além disso a hipertensão da gestação (pré-eclampsia), que também é muito perigosa.

Informação e prevenção são as palavras chaves para uma gestação tranquila.

Vejo vocês em breve! Aguardo comentários!!


quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Minha experiência com a dieta Low Carb (baixo Carboidrato)

Bom, após muito falar e ler sobre a dieta de baixo carboidrato, resolvi testá-la. Afinal, nada melhor do que vivenciar uma situação para entender prós e contras. Chega de teoria e vamos para prática!
Revolvi fazer a dieta de baixo carboidrato e não a de ZERO carboidrato, que seria a do Dr Atkins, a famosa dieta da proteína, por essa última induzir a um estado de acidose, no sangue, maior e por ser bem mais radical. Rica em gordura saturada, carne vermelha, permitindo até linguiça, alimentos que não são saudáveis e que tenho intolerância (justamente por não estar acostumada a comer!). Acho que poderia atrapalhar um pouco meu dia-a-dia, ficando sem energia. Além disso PROIBE qualquer tipo de frutas e alguns legumes. Fato é que não consigo ficar SEM frutas! Vale ressaltar que procurei escolher frutas com bastante frutas e baixo índice glicemico (explico isso melhor em outro post)
Na dieta de baixo carboidrato me permiti 20 a 50g de carboidrato. Essa quantidade é bem pouca, acreditem!
Aqui estão exemplos de cardápios que segui e algumas impressões:

Dia 1:
Café da manhã: Omelete com 3 claras de ovo + 1 CS de queijo cottage/ café com adoçante
Colação: 1 maça+ 1 polenguinho light
Almoço: Peito de frango grelhado (temperado com shoyo, pimenta do reino)/vagem macarrão cozida com alho, cebola, molho inglês/abobrinha+pimentões+cebola+ azeite. 1 maçã pequena
Lanche:1 polenguinho light+1 pêra
Jantar: peixe grelhado+beringela+legumes cozidos+salada verde
Total de carboidratos: aprox 40mg

A noite senti um pouco de fome. Mais uma sensação de "leveza e barriga vazia", mas não tive dificuldade.

Dia 2:
Café da manhã: 1 ovo + 1 CS de queijo cottage/ 1 fatia de mamão/café com adoçante
Colação: 1 maça+ 1 Actimel zero (leite fermentado)+1 polenguinho Emental (fui a praia, corri e ainda voltei para casa de bicicleta)

Almoço: 1 bife (carne vermelha)/palmito, tomate seco, muitas folhas, mussarela de búfala (Comendo fora)
Lanche: Mate diet
Jantar: Claras com cogumelo seco+folhas verdes
Total de carboidratos: aprox 40mg


Era domingo e o dia ficou um pouco tumultuado. Fiz muita atividade física e como estava bem quente, com sol forte, atribuí o cansaço ao calor e atividade fisica. A noite fiquei enjoada.

Dia 3:
Café da manhã: Suco com 1 folha de couve batida com 1 laranja (com bagaço e sem coar)/ omelet com 1 ovo+2 claras+ 1 fatia fina Queijo minas+ salsa e cebolinha/ cafe puro com adoçante
Lanche: Actimel zero+ 1 maça
Almoço: peito de frango grelhado/ abobrinha+cebola+beringela+pimentoes vermelho e amarelo assados no forno com sal+pimento do reino+um fio de azeite (MARAVILHOSO!!!)/ salada verde
Lanche:1 polenguinho com sabor emental+ 1 copo leite de soja Zero sabor coco
Jantar: Barquinhos de chuchu recheados com creme de ovos ou com molho de camarão (receita de domingo do José Hugo Celidônio, Jornal O Globo)/salada verde com folhas variadas
Total de carboidratos: 60g de carboidratos

Já estou um pouco mais "fina", e ao chegar ao trabalho, a balança revela menos 1 Kg! Estou bem mau humorada, um pouco mais agitada e nervosa do que o habitual. Sinto fome! Fiz musculação a noite (membros inferiores).

No 4o dia, seguindo a mesma linha, tentei fazer meu treino programado de corrida mas na metade do percurso (que estou bem habituada a fazer) fiquei EXAUSTA. O curioso é que a respiração e a frequencia cardíacas estavam bem controladas, pouco aumentadas, mas a FRAQUEZA MUSCULAR era tamanha que simplesmente só consegui completar o percurso caminhando e correndo de forma alternada (cada um por 1min 30 seg). Fiquei impressionada. A explicação é simples: Com minhas reservas energéticas de uso imediato (glicogenio, principalmente) depletadas e com provavel acidose no sangue, meu músculo ficou "fadigado" mais rapidamente. É como se o músculo estivesse com fome, sem energia.

No 5o dia, meu humor melhorou mas cheguei a conclusão de que para quem está comprometido a fazer atividade física, é bem difícil manter essa dieta pois a fadiga muscular chega mais rápido e a disposição diminui consideravelmente, para atividade física. Estudos científicos mostram que esta dieta é eficaz para perda rápida de peso porém, a longo prazo, a dieta equilibrada tem perda de peso semelhante e com mais fácil MANUTENÇÃO DO PESO. Mais uma vez, vale manter o equilíbrio!

A escolha da dieta depende muito mais do momento em que vamos fazê-la. Dietas muito restritivas sempre dão margem a episódios de compulsão alimentar (descontrole com ingesta de grandes quantidadesde comida). E quando bate a compulsão pode vir junto uma sensação de derrota enorme. Sendo assim, temos que ter em mente que a dieta melhor é aquela mais saudável e que poderemos manter por todas vida.
Amanhã, volto a fazer minha deliciosa dieta equilibrada ! O resultado final revelarei em seguida. Até breve!!!


terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Dieta Da Princesa- parte 2

A dieta proposta pelo Dr. Dukan é saudável e muito interessante, desde que respeitado o tempo de restrição maior de carboidratos, 1a fase, e a mais radical da dieta. Esta fase não deveria passar de 10 -15 dias, pois induz um estado de acidose metabólica (fase cetogIenica) e pode sobrecarregar os rins. A longo prazo, seria prejudicial. Já a 2a fase, na qual já são introduzidos alimentos integrais no café-da-manhã e almoço, é bem saudável e deveria ser seguida por toda vida. Rica em verduras e legumes, vitaminas, sais minerais e fibras.
Em toda minha vida lutei, e ainda luto, com meu peso. Desde os 10 anos de idade faço dieta. Após 10 anos de formação médica, anos de experiência com pacientes de todo tipo e por experiência própria, acredito no EQUILIBRIO. Ninguém pode viver , e ser feliz, com dieta muito restritiva ou muito exótica, para sempre e 100% do tempo. Temos que aprender a ter um equilíbrio. Quer emagrecer rápido e se motivar? Faça 10 dias de dieta da proteína ou South Beach, e alcance seu objetivo imediato. Importante é lembrar que depois deste período terá que manter uma dieta SAUDAVEL e de baixa caloria, para manter o peso ou continuar a emagrecer. O que importa de verdade é o que faz na MAIOR PARTE DOS DIAS da semana. Se faz dieta "direitinho" durante 6 dias e no 7o dia come 2 pedaços de pizza, não será isso que irá ARRUINAR sua vida!!!! Da mesma forma, não adianta malhar 7 dias da semana, e ficar 10 dias sem aparecer na academia, ou clube, ou ginastica! Estabeleça uma ROTINA. Tente não sair muito dessa rotina, mas acima de tudo, seja feliz!!! Permita-se ser feliz!

No próximo post vou falar sobre a minha experiência com a dieta Low Carb... Estou agora no 4o dia!

domingo, 22 de janeiro de 2012

Dieta da Princesa

Este post é resultado de muita reflexão e conversa com amigos sobre a recente matéria publicada na revista Veja, que muitas vezes assume o papel de "formadora de opinião". (http://vejario.abril.com.br/edicao-da-semana/a-dieta-das-princesas-657065.shtml)

Especialmente no verão, todo mundo busca a dieta milagrosa. Aquela dieta com resultado mais rápido possivel, no menor tempo, e que, de preferência dure para sempre.... Mas, na vida real não é bem assim. Grandes mudanças podem gerar grandes fracassos, ou grande decepções. A moderação é amiga da manutenção, quando falamos em perder peso, e mantê-lo, o que parece ser a parte mais difícil.

Mas, afinal, qual é a dieta que fez a Princesa Kate Middleton emagrecer ainda mais (porque ela já era bem magra!)?

Trata-se da velha dieta de baixo carboidrato, a famosa "dieta de proteínas", que já saiu e voltou de moda diversas vezes. Agora, com cara e nome novos. Conteúdo e princípio praticamente os mesmos.
Essa dieta inicialmente era utilizada para os pacientes diabéticos tipo 1, na era pré-insulina, justamente por diminuir a resistência dos tecidos (músculo, tecido adiposo, fígado, etc) a ação da insulina, que nesta doença esta diminuída. Deste modo, a pouca insulina ainda restante, produzida pelo pancreas desses pacientes, poderia atuar melhor, e esses individuos ainda viveriam alguns meses. Após a utilização da insulina injetável, a dieta começou a ser utilizada para fins estéticos, até porque se observava grande perda de peso com ela.
Na atualidade, depois de muito sucesso com o Dr Atkins, e também muitas críticas, foi diversas vezes reinventada. South Beach, Low carb, Dr Dukan... todas essas dietas se baseam no mesmo princípio: uma fase inicial (1 ou 2 semanas) sem qualquer tipo de carboidrato ou com menos de 60g de carboidrato/dia (Low Carb), seguida por uma 2a fase com reintrodução dos carboidratos, os integrais e de baixo índice glicêmico, e uma 3a fase de manutenção, com alguns dias de dieta mais livre e outros mais radical (detalhes na reportagem da Veja.) Minha opinião? fica para a proxima postagem....

sábado, 21 de janeiro de 2012

Dieta da princesa

Você afinal sabe o que é essa dieta da Pricesa Kate Middleton? Aguarde o próximo post para se informar mais!! Suspense no ar...

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Gestação e tireóide

Nesta semana atendi duas gestantes com hipotireoidismo subclínico. A primeira, apesar de ter uma história familiar bem positiva para doença da tireóide, mãe e pai (que é mais raro!) e de já ter tido nódulos e aumento da tireóide no passado, nunca tinha se preocupado com isso. Ficou grávida com facilidade, mesmo já tendo 34 anos (o que poderia atrapalhá-la) e então foi alertada que deveria cuidar da sua tireóide. A segunda , médica, achava que estava tudo bem com a tireoide. Viu o exame dentro dos valores de referência de normalidade e mesmo com sintomas de hipotireoidismo, extremo cansaço, fraqueza, sonolência incapacitante, inchaço, muito piores do que aqueles da primeira gestação, foi tocando a vida. Interessante notar que não me procurou em consulta. Nos encontramos no corredor e, num papo amigável e informal, foi feito o diagnóstico e ela foi desviada do seu caminho direto para o meu consultório!
Mas quando um mulher que está grávida deve preocupar-se com sua tireóide?
A melhor resposta é: desde antes da gestação! Alterações da glândula tireóide, mesmo as ditas "subclínicas" podem atrapalhar o início da gestação, sendo uma causa de infertilidade, reversível com o tratamento. Mulher com história familiar de doença da tireóide, principalmente de doença autoimune, que é a mais comum, devem fazer obrigatoriamente o rastreamento com avaliação da função da tireóide (TSH e T4L no sangue) e da presença de anticorpos contra a tireoide ( anti TPO e anti TG). esmo com função tireoidiana dentro dos valores laboratoriais de normalidade, tem benefício em serem tratadas aquelas com anticorpo anti TPO em valores altos (anti TPO maior que 1000) ou com TSH maior que 2,5. Este é o valor considerado NORMAL principalmente para gestante, mostrando menor índice de perda fetal (desde a situação da concepção ate abortos precoces). Com esse valor de TSH obteve-se o melhor resultado, restituindo a fertilidade e conseguindo-se levar a gestação até o tempo certo. Além disso, durante a gestação acontecem modificações na fisiologia da mulher que podem levar a descompensação de mulher que vinham tolerando bem um hipotireoidismo subclínico. Este pode tornar clinicamente evidente e com sintomas ruins como sonolência excessiva, ganho de peso maior que o desejado e esperado, inchaço nas pernas e face, unhas quebradiças, prisão de ventre, dentre outros. Outro fato muito importante é que o hormônio tireoidiano é essencial para o desenvolvimento do neném dentro do útero, principalmente para o sistema nervoso central. O homônio tireoidiano utilizado pelo neném é o proveniente da mãe até pelo menos 12 semanas de gestação. Nesta época (12-13 semana) o neném já começa a produzir seu próprio homônio, pois já tem tireoide formada e funcionando, e fica menos dependente do homônio materno. Logo, principalmente nas primeiras 12 semanas a mulher tem que ter um bom nível de homônio para suprir as suas necessidade e as do neném.
Futuras mamãe atenção !!!! Ter uma avaliação da função da tireóide é muito importante antes e durante a gestação.
Até breve!!