Muito se fala em vida saudável nos dias de hoje, mas poucos sabem do que se trata realmente ter uma vida assim. Praticar, então, essa tal vida saudável, fica mais difícil ainda!
Há muita informação no mídia, internet, jornais, entretanto muitas são as dúvidas...
Este espaço foi criado para divulgação de informações sobre tópicos relacionados a saúde, atividade física, dietas e assuntos afins, com um foco especial na área da Endocrinologia, na qual atuo.
Aproveitem!!!

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Obesidade, fertilidade e contracepção Parte 2


A obesidade é apontada como fator desencadeante de uma série de alterações da “capacidade reprodutiva” das mulheres (como já falado anteriormente), bem como problemas durante a gestação que põe em risco o feto (como pré-maturidade e maior risco de eclampsia, que é a forma grave de hipertensão arterial na gestante , evoluindo com crises convulsivas e lesão neurológica na mãe).


Muitos trabalhos relatam aumento do risco de perda fetal (aborto) precoce na gestação tanto em gestação espontâneas como naquelas induzidas pelo médico (com auxílio apenas de medicações ou fertilização in vitro). O mecanismo exato de infertilidade não está bem elucidado ainda. Já é sabido que mesmo nas mulheres com sobrepeso (IMC maior que 25 Kg/m2) os picos do hormônio luteinizante [LH] (que induz a ovulação e a formação do corpo lúteo) é menor (menos amplo) e que na média a concentração desse hormônio no sangue também é menor. Além disso, essas mulheres têm uma PIOR resposta ao estímulo de ovulação induzida por injeções de gonadotrofinas (como o Lupron) utilizadas para induzir ovulação.

Muito interessante é o fato que além de maior risco de infertilidade, o sobrepeso e a obesidade aumentam o risco de GESTAÇÃO INDESEJADA. Isso foi surpreendente para mim também! O risco da FALHA do contraceptivo hormonal (pílula anticoncepcional) é maior nas obesas ou com sobrepeso. A explicação para isso seria que o fígado da mulher nessa condição metaboliza mais rapidamente esses anticoncepcionais que os hormônios do anticoncepcional ficariam “seqüestrados”, dissolvidos na gordura, não atuando nos locais que deveriam atuar. Mas as evidencias na literatura médica sobre o porquê disso acontecer ainda é controversa e precisa ser melhor esclarecida.

A perda de peso é o tratamento de PRIMERIA linha no caso de mulheres inférteis, que não ovulam. A perda de peso de 2-10% do peso corporal já restitui a ovulação e a fertilidade em 44-72% das mulheres obesas nesta situação! Por isso, atenção mulheres que estão fora do peso mas desejam gestar: vamos correr atrás do prejuízo (literalmente) e fazer logo dieta e atividade física!!