Muito se fala em vida saudável nos dias de hoje, mas poucos sabem do que se trata realmente ter uma vida assim. Praticar, então, essa tal vida saudável, fica mais difícil ainda!
Há muita informação no mídia, internet, jornais, entretanto muitas são as dúvidas...
Este espaço foi criado para divulgação de informações sobre tópicos relacionados a saúde, atividade física, dietas e assuntos afins, com um foco especial na área da Endocrinologia, na qual atuo.
Aproveitem!!!

domingo, 20 de janeiro de 2013

Hormônio da tireoide: consumo para emagrecimento


Hormônio da tireoide tem onda de consumo para emagrecimento

  • Moda de consumo de medicamento em academias foi identificada por Conselho Regional de Educação Física

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/saude/hormonio-da-tireoide-tem-onda-de-consumo-para-emagrecimento-7339685#ixzz2IWTxBbG9
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   O Jornal “O Globo” deste domingo publicou uma reportagem ALERTA sobre o uso, por conta própria ou indicado de forma equivocada, de hormônio tireoidiano com "emagrecedor". Fato esse grave e coloca em risco a VIDA de quem se submete a esse uso. Mas será que isso é mesmo uma novidade? Quais os riscos? Qual o preço que estamos dispostos a pagar por um corpo esculpido?





   O uso de hormônios tireoidianos "manipulados", seja explicitamente em fórmulas para emagrecer os disfarçadamente com codinomes como "tiratricol" ou sob nome de "produtos naturais", tem relatos bem antigos. Inclusive foi de certa forma "aceito" na década de 80 com a justificativa de tentar normalizar o nível do hormônio tireoidiano ativo (T3 total) que diminui nas dietas de baixa caloria. Posteriormente, demonstrou-se que essa diminuição era fisiológica e a reposição não trazia benefício ao emagrecimento, acrescentado, sim, riscos inaceitáveis. O uso, seja do precursor do hormônio tireoidiano (T4) ou do hormônio em sua forma ativa (T3, triiodotironina, tiratricol), para emagrecimento baseia-se no fato que esse hormônios aceleram o metabolismo induzindo um estado de hipertireoidismo e altíssimo gasto calórico. O que os “médico” ou “curiosos da área de emagrecimento” não divulgam (será que eles sabem?) é que esse hipertireoidismo não se restringe ao metabolismo energético mas provoca:
1.    Taquicardia (aumento da frequência dos batimentos cardíacos)  com alto risco de ARRITMIAS como fibrilaçãoo atrial, flutter atrial, podendo provocar infarto no coração e DERRAME CEREBRAL (AVC isquêmico) !!!!
2.    INSUFICIÊNCIA CARDIACA
3.    Consumo muscular, com diminuição de massa muscular e fraqueza muscular
4.    Alterações psiquiátricas como alucinações, esquizofrenia, quadros ansiosos, insônia.
5.    Tremores
6.    Alterações menstruais e de fertilidade

   E o pior é que as pessoas ainda se submetem a esses tratamentos!! Enquanto estava escrevendo este post parei para um almoço de domingo entre amigos médicos. O assunto é claro incluía comentários de “casos clínicos”. Um amiga intensivista, então, relatou um caso recente internado nesta última semana no CTI de um grande hospital do Rio de Janeiro, de uma mulher de meia idade que apresentou insuficiência cardíaca e respiratória ficando em estado MUITO GRAVE , entubada e sob suporte de drogas e aparelhos  após uso de hormônios tireoidianos de “reposição”. Usava doses altas de T4 e T3 (o que é proscrito atualmente!). Tinha níveis de hormônios no sangue 18 vezes maior do que o máximo da normalidade !!!! Ficou uma semana em estado MUITO GRAVE sob esforços intensos de toda equipe para controlar esse hipertireoidismo. Graças a Deus e a equipe de médicos, enfermeiros e farmacêutico maravilhosa, que a assistiam, se recuperou. Vale a pena?
Outro fato importante é o depois... O uso exógeno desse hormônios bloqueia a produção normal pela tireoide. O retorno das funções normais pode demorar de 1 a 12 meses para se recuperar. Durante esse período a pessoa fica em HIPOTIREOIDISMO que é justamente o oposto vivido anteriormente. Um estado igualmente perigoso e que lentifica o metabolismo. Mais uma vez, será que isso vale a pena? Até quando vamos ficar depositando nossas energias procurando “milagres” que por enquanto não existem? Vale a pena confiar nossas vidas a esse “picaretas”. Na dúvida, basta consultar o site da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e a Sociedade Brasileira de Obesidade. Nesta paginas existem avisos, reportagens e informações sempre atualizadas sobre o que é ou não aceitável como tratamento na área de emagrecimento. Vale também conhecer a formação do seu médico, se é reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pela SBEM. Não confie seu maior bem, sua vida, nas mãos de qualquer um!!