Este
ano, um nova resolução do Conselho Federal de Medicina ampliou as indicações de Cirurgia Bariátrica, incluindo uma série de
novas indicações. Esse foi um marco muito importante pois tornou esse
procedimento acessível a uma parcela da população que tem , sem dúvida
benefício com a perda e MANUTENÇÃO DE PESO, que é facilitada nesse
procedimento, mas que antes, ainda não se enquadrava nos critérios.
Mas,
afinal, por que fazer a cirurgia bariátrica?
A
cirurgia bariátrica é o tratamento mais eficaz para aquelas pessoas com
obesidade grave (Índice de massa corporal [IMC], que é a relação entre peso e
altura, maior que 40) ou com IMC entre 35 e 40, mas com doenças graves
associadas e provocadas pela obesidade. É o tratamento indicado pois leva a
grande melhora ou mesmo resolução da obesidade e das doenças associadas,
facilitando a manutenção ao longo dos anos subsequentes. Só para exemplificar,
nos casos de obesidade grave, com IMC maior que 40, apenas em 30% dos casos o
indivíduo consegue perder peso chegando na faixa de peso adequada para sua
altura (IMC menor que 25)
Quem
tem indicação/ benefício?
Pessoas
com IMC maior que 40 e que tenham feito tratamento clínico por pelo
menos 2 anos, com equipe multidisciplinar (médico, nutricionista, psicólogo,
profissional de atividade física) sem sucesso. Estão inclusos agora aqueles
indivíduos com IMC entre 35 e 40 (obesidade grau 2) mas com doenças associadas
a obesidade como:
1.
pulmonares:
asma, apneia do sono, doença restritiva pulmonar
2.
metabólicas:
diabetes, dislipidemia,
3.
osteoarticulares:
osteoartrose, hernia de disco
4.
doenças
cardiovasculares: coronariopatia, infarto agudo do miocárdio
cardiopatia dilatada, hipertensão pulmonar, fibrilação atrial, AVC (derrame)
5.
infertilidade
feminina, disfunção erétil, síndrome dos ovários
policísticos,
6.
circulatórias:
veias varicosas, insuficiência venosa
7.
neurologicas:
hipertensão intracraniana idiopática
8.
Estigmatizção
social, depressão.
Estou
“curada” da obesidade após a cirurgia? Posso comer o que quiser após a cirurgia
e mesmo assim vou emagrecer e não mais engordar?
A
cirurgia deve ser vista como o início de uma "nova vida" na qual
vai ser mais fácil seguir uma dieta saudável, mas em que o controle
da qualidade e quantidade precisam ser feitos de forma precisa e contínua para
assegurar que a perda de peso seja alcançada sem desnutrição. No primeiro ano,
mesmo com pequenos deslizes a perda de peso ocorre, porém após esse período
pode ocorrer, e geralmente ocorre, um reganho de peso, que
normalmente se limita a 10% do peso perdido (por exemplo, quem perdeu 30 kg,
tem 3kg de reganho). Aquelas pessoas, entretanto, que não seguem corretamente a
dieta acabam tendo um reganho maior ou contínuo, podendo voltar ao peso
inicial.
Não
existe mágica!! A cirurgia é apenas um dos caminhos para o sucesso na perda
peso. O protagonista principal deve ser o INDIVÍDUO.
Não
posso mais comer após a cirurgia? Isso vai me restringir pra sempre?
A
cirurgia, seja em redução do estomago + Y Roux (com bypass, que é a
derivação intestinal) ou apenas a redução do estômago (gastrectomia vertical)
causam uma restrição grande inicial, que com o tempo vai permitindo um acomodação
maior de volume, com menos restrição. Ao longo do tempo, a pessoa vai
conseguindo comer mais, porém não é interessante "forçar" comer um
volume cada vez maior porque o sucesso cirúrgico depende de uma certa
restrição que permite comer pouco e saciar-se com facilidade. O importante é a
mudança de paradigmas no qual qualidade é mais importante que quantidade.
Preciso
continuar indo ao médico após a cirurgia? Quando estarei de ALTA?
Não
existe "ALTA" após a cirurgia. O acompanhamento vai se tornando mais
espaçado, sendo inicialmente a cada 3/3 ou 4/4 meses e posteriormente de 6/6
meses, mas deve existir regularmente, de forma preventiva e pró ativa,
para evitar complicações e continuar promovendo saúde!